Surf: Número de praticantes de fim-de-semana tem vindo a aumentar
Apesar da tão famosa crise que se vive em Portugal, o negócio do Surf está cada vez mais em expansão neste "cantinho à beira-mar plantado".
Desde 2007 que a modalidade desportiva tem vindo a atrair praticantes, o que fez com que o número de escolas tenha aumentado significativamente.
Em Portugal, um dos "locais de culto" para se fazer Surf é a praia de Carcavelos, porque segundo Tiago, um jovem praticante de apenas 12 anos, este local "tem ondas grandes e complicadas, o que torna a coisa muito emocionante".
Ao CM, o jovem explicou que "os exercícios na areia são imprescindíveis, para quem quiser fazer boas ondas", acrescentando também que "é muito custoso ficar na areia tanto tempo a «ginasticar», mas entrar na água «frio» e ter uma lesão grave ainda é pior".
Ao contrário dos "posers", Tiago faz Surf pelo prazer que lhe dá, não se preocupando com o estilo ou com as miúdas.
Já Tomás Oliveira e Vasco Narciso, de 12 e 13 anos, respectivamente, assumem que "isto do Surf até dá jeito com as miúdas", por causa "do corpo sarado e da cor morena durante todo o ano".
Mas, não são só as raparigas que os atraem à praia durante as férias e os fins-de-semana, é também a "sensação de liberdade, a sensação da onda", considerando que "é um conceito difícil de ser explicado, mas que dá uma sensação muito boa".
Os dois jovens adiantaram ainda que "fazer o drop, as curvas e as manobras é muito fixe; e aquela magia do vento a penetrar nos corpos é divinal".
Depois de algumas ondas, Tomás explica que está na Escola de Carcavelos "há 6 anos", depois do pai lhe ter feito uma surpresa enorme: ofereceu-lhe uma prancha no dia do aniversário.
"Era uma coisa que eu já queria há muito tempo", começa por declarar o jovem, acrescentando logo de seguida que "a minha família sabia que eu era um rapaz desportista e capaz de vencer, por isso apoiaram-me desde o primeiro minuto, apesar da minha mãe estar sempre a dizer que assim que entro na água, ela começa a ter dores de barriga".
Já Vasco, jogava Futebol e Hóquei em Patins no Tires, mas as modalidades não lhe "davam gozo", porque são "muito fáceis de praticar".
"Queria uma coisa mais difícil", explica o jovem, acrescentando que "por isso, optei por me inscrever no Surf. Falei com os meus pais e eles apoiaram-me no primeiro minuto".
Apesar de ser um desporto muito conhecido em Portugal, os termos técnicos do Surf são todos em inglês e ainda não tem tradução para português, o que "complica a tarefa dos miúdos", como explicou ao CM, Pedro Soares, antigo surfista e dono de uma escola de Surf.
O "professor" disse também que "existe uma percentagem considerável de alunos que não fica no Surf porque não percebe as regras, mas também há aqueles que vão para casa estudar muito e estão sempre a perguntar o que quer dizer isto e aquilo. Até há alunos que trazem livros técnicos e revistas com muita informação que não lhes devia interessar, pois essas informações são só para os experts. Querer saber de tudo é bom , mas também pode ser perigoso, pois eles vão querer fazer algo que só é feito pelos verdadeiros especialistas".
Mas não é só em Carcavelos que se pratica Surf com alguma regularidade. Na Praia da Cabana do Pescador, na Costa da Caparica, Alexandra e Afonso Castelo Branco, mãe e filho, também costumam agarrar regularmente na prancha e no fato de borracha.
Apesar de ter cerca de 40 anos, Alexandra só começou a praticar este desporto há 2 meses, quando o filho "veio com uma conversa muito estranha sobre querer deixar o Surf".
"Na altura não entendi bem aquela reacção, pois ele era maluco por Surf. Mas depois comecei a perceber que ele não se sentia bem em vir para a Praia com o irmão mais velho, por causa da diferença de idades [8 anos]. Além disso, vinham para aqui sempre amigos mais velhos e o Afonso não se sentia bem ao pé deles. Não sei se era alvo de gozo, mas desconfio que sim, apesar do irmão dizer sempre que não se passava nada. Mas o olhar do Afonso dizia tudo, e por isso passei a vir com ele. Ao princípio ainda ficava sentada na areia a ver, mas não tenho espírito para isso, pois sou uma mulher aventureira e activa, por isso decidi arriscar e comprei uma prancha para começar a praticar", explicou a mãe do pequeno surfista.
Já Felipe e Felipa vêem juntos porque compartilham o mesmo gosto pelo mar. São namorados e decidem aproveitar o fim do dia para ver o pôr do sol, praticar Surf e namorar um pouco, não necessariamente por esta ordem.
Felipe Vítor, de 34 anos, disse ao CM que "o surf é ideal para relaxar e perder peso. Para quem não gosta de ginásios e quer perder umas gordurinhas, é o exercício físico ideal".
João Dias, outro dos praticantes de fim-de-semana começou a fazer Surf na década de 90, mas no início não foi nada fácil, pois "não havia escolas" e por isso "tinha que se aprender uns com os outros".
Desde o ano 2000 que as escolas de Surf têm vindo a aumentar, um facto que não espanta João: "Esse boom nos praticantes de Surf começou no ano 2000 por causa da telenovela "Morangos com Açucar". Toda a gente sabe que os miúdos adoram essa telenovela, e como as personagens começaram a fazer Surf, toda a miudagem também quis fazer Surf. É só uma moda, que de certeza vai passar, pois quando começou a dar a novela New Wave com skaters, o número de praticantes de skate cresceu, assim como cresceu o número de cantores de rock depois do sucesso de Rebelde Way, mas agora vemos que há cada vez menos skaters e cantores. São modas, passam depressa".
Novelas à parte, podemos dizer que João Dias tem uma escola de Surf desde 2005, a 7ª Essência: "Fiz esta escola a pensar no crescente de praticantes. Foi uma aposta que deu certo, pois o mercado é bom, há muita gente a praticar e dá para se viver bem", explicou o ex-professor de Educação Física.
João reforçou ainda que Portugal só tem a ganhar se apostar na industria do Surf, porque "há muito estrangeiro que vem para cá há procura de um pouco de sol e de desportos aquáticos, especialmente no Inverno. Não é nada de admirar, porque nós também vamos para o estrangeiro há procura de neve e de desportos alpinos".
Pedro Madeira e Mariana Remelgado, proprietários do Aljezur Surf Camp, um projecto que alia o turismo à prática de Surf, partilham da mesma opinião.
"Em Julho e Agosto é turismo massivo: vêem muitas famílias, muitos espanhóis, e estrangeiros que têm residência fixa em Lisboa ou Porto, como ucranianos e até chineses.", começou por dizer Pedro Madeira, acrescentando que "entre Setembro e Dezembro, Portugal é invadido por australianos, franceses e gente que quer ter outro conhecimento, ou outra técnica de Surf".
Além disso, a Organização Mundial de Turismo aponta que a popularidade crescente dos praticantes de Surf no Mundo pode movimentar as economias dos países, especialmente aqueles que estão mais perto do mar, como é o caso dos EUA, da Austrália e de... Portugal.
Manuel Maia, dono da escola Surf Aventura, também considera que a industria do Surf podia fazer crescer a economia portuguesa, no entanto ao CM, "o professor de Matosinhos", como é conhecido, quis apenas dizer que "o Surf é uma das modalidades mais espectaculares, quer para ensinar, quer para aprender. E uma forma de aliviar o stress e afogar as mágoas, já que a situação do país não está para brincadeiras".
Jornalista: João Miguel Pereira
Foto: CM
Desde 2007 que a modalidade desportiva tem vindo a atrair praticantes, o que fez com que o número de escolas tenha aumentado significativamente.
Em Portugal, um dos "locais de culto" para se fazer Surf é a praia de Carcavelos, porque segundo Tiago, um jovem praticante de apenas 12 anos, este local "tem ondas grandes e complicadas, o que torna a coisa muito emocionante".
Ao CM, o jovem explicou que "os exercícios na areia são imprescindíveis, para quem quiser fazer boas ondas", acrescentando também que "é muito custoso ficar na areia tanto tempo a «ginasticar», mas entrar na água «frio» e ter uma lesão grave ainda é pior".
Ao contrário dos "posers", Tiago faz Surf pelo prazer que lhe dá, não se preocupando com o estilo ou com as miúdas.
Já Tomás Oliveira e Vasco Narciso, de 12 e 13 anos, respectivamente, assumem que "isto do Surf até dá jeito com as miúdas", por causa "do corpo sarado e da cor morena durante todo o ano".
Mas, não são só as raparigas que os atraem à praia durante as férias e os fins-de-semana, é também a "sensação de liberdade, a sensação da onda", considerando que "é um conceito difícil de ser explicado, mas que dá uma sensação muito boa".
Os dois jovens adiantaram ainda que "fazer o drop, as curvas e as manobras é muito fixe; e aquela magia do vento a penetrar nos corpos é divinal".
Depois de algumas ondas, Tomás explica que está na Escola de Carcavelos "há 6 anos", depois do pai lhe ter feito uma surpresa enorme: ofereceu-lhe uma prancha no dia do aniversário.
"Era uma coisa que eu já queria há muito tempo", começa por declarar o jovem, acrescentando logo de seguida que "a minha família sabia que eu era um rapaz desportista e capaz de vencer, por isso apoiaram-me desde o primeiro minuto, apesar da minha mãe estar sempre a dizer que assim que entro na água, ela começa a ter dores de barriga".
Já Vasco, jogava Futebol e Hóquei em Patins no Tires, mas as modalidades não lhe "davam gozo", porque são "muito fáceis de praticar".
"Queria uma coisa mais difícil", explica o jovem, acrescentando que "por isso, optei por me inscrever no Surf. Falei com os meus pais e eles apoiaram-me no primeiro minuto".
Apesar de ser um desporto muito conhecido em Portugal, os termos técnicos do Surf são todos em inglês e ainda não tem tradução para português, o que "complica a tarefa dos miúdos", como explicou ao CM, Pedro Soares, antigo surfista e dono de uma escola de Surf.
O "professor" disse também que "existe uma percentagem considerável de alunos que não fica no Surf porque não percebe as regras, mas também há aqueles que vão para casa estudar muito e estão sempre a perguntar o que quer dizer isto e aquilo. Até há alunos que trazem livros técnicos e revistas com muita informação que não lhes devia interessar, pois essas informações são só para os experts. Querer saber de tudo é bom , mas também pode ser perigoso, pois eles vão querer fazer algo que só é feito pelos verdadeiros especialistas".
Mas não é só em Carcavelos que se pratica Surf com alguma regularidade. Na Praia da Cabana do Pescador, na Costa da Caparica, Alexandra e Afonso Castelo Branco, mãe e filho, também costumam agarrar regularmente na prancha e no fato de borracha.
Apesar de ter cerca de 40 anos, Alexandra só começou a praticar este desporto há 2 meses, quando o filho "veio com uma conversa muito estranha sobre querer deixar o Surf".
"Na altura não entendi bem aquela reacção, pois ele era maluco por Surf. Mas depois comecei a perceber que ele não se sentia bem em vir para a Praia com o irmão mais velho, por causa da diferença de idades [8 anos]. Além disso, vinham para aqui sempre amigos mais velhos e o Afonso não se sentia bem ao pé deles. Não sei se era alvo de gozo, mas desconfio que sim, apesar do irmão dizer sempre que não se passava nada. Mas o olhar do Afonso dizia tudo, e por isso passei a vir com ele. Ao princípio ainda ficava sentada na areia a ver, mas não tenho espírito para isso, pois sou uma mulher aventureira e activa, por isso decidi arriscar e comprei uma prancha para começar a praticar", explicou a mãe do pequeno surfista.
Já Felipe e Felipa vêem juntos porque compartilham o mesmo gosto pelo mar. São namorados e decidem aproveitar o fim do dia para ver o pôr do sol, praticar Surf e namorar um pouco, não necessariamente por esta ordem.
Felipe Vítor, de 34 anos, disse ao CM que "o surf é ideal para relaxar e perder peso. Para quem não gosta de ginásios e quer perder umas gordurinhas, é o exercício físico ideal".
João Dias, outro dos praticantes de fim-de-semana começou a fazer Surf na década de 90, mas no início não foi nada fácil, pois "não havia escolas" e por isso "tinha que se aprender uns com os outros".
Desde o ano 2000 que as escolas de Surf têm vindo a aumentar, um facto que não espanta João: "Esse boom nos praticantes de Surf começou no ano 2000 por causa da telenovela "Morangos com Açucar". Toda a gente sabe que os miúdos adoram essa telenovela, e como as personagens começaram a fazer Surf, toda a miudagem também quis fazer Surf. É só uma moda, que de certeza vai passar, pois quando começou a dar a novela New Wave com skaters, o número de praticantes de skate cresceu, assim como cresceu o número de cantores de rock depois do sucesso de Rebelde Way, mas agora vemos que há cada vez menos skaters e cantores. São modas, passam depressa".
Novelas à parte, podemos dizer que João Dias tem uma escola de Surf desde 2005, a 7ª Essência: "Fiz esta escola a pensar no crescente de praticantes. Foi uma aposta que deu certo, pois o mercado é bom, há muita gente a praticar e dá para se viver bem", explicou o ex-professor de Educação Física.
João reforçou ainda que Portugal só tem a ganhar se apostar na industria do Surf, porque "há muito estrangeiro que vem para cá há procura de um pouco de sol e de desportos aquáticos, especialmente no Inverno. Não é nada de admirar, porque nós também vamos para o estrangeiro há procura de neve e de desportos alpinos".
Pedro Madeira e Mariana Remelgado, proprietários do Aljezur Surf Camp, um projecto que alia o turismo à prática de Surf, partilham da mesma opinião.
"Em Julho e Agosto é turismo massivo: vêem muitas famílias, muitos espanhóis, e estrangeiros que têm residência fixa em Lisboa ou Porto, como ucranianos e até chineses.", começou por dizer Pedro Madeira, acrescentando que "entre Setembro e Dezembro, Portugal é invadido por australianos, franceses e gente que quer ter outro conhecimento, ou outra técnica de Surf".
Além disso, a Organização Mundial de Turismo aponta que a popularidade crescente dos praticantes de Surf no Mundo pode movimentar as economias dos países, especialmente aqueles que estão mais perto do mar, como é o caso dos EUA, da Austrália e de... Portugal.
Manuel Maia, dono da escola Surf Aventura, também considera que a industria do Surf podia fazer crescer a economia portuguesa, no entanto ao CM, "o professor de Matosinhos", como é conhecido, quis apenas dizer que "o Surf é uma das modalidades mais espectaculares, quer para ensinar, quer para aprender. E uma forma de aliviar o stress e afogar as mágoas, já que a situação do país não está para brincadeiras".
Jornalista: João Miguel Pereira
Foto: CM
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